sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Conforto Térmico Humano

Nesta seção discutem-se algumas questões básicas relacionadas ao conforto térmico humano. Dada a complexidade do assunto estas são questões imprescindíveis para uma melhor compreensão do mesmo.


* O organismo humano
* A termo-regulação
* Catabolismo, anabolismo e fadiga higrotérmica
* Estresse térmico
* Pele, principal órgão termo-regulador
* Reação ao frio
* Reação ao calor


O organismo humano

O sucesso do funcionamento dos organismos vivos depende do seu relacionamento com o ambiente externo.

Há duas classes de organismos: os pecilotérmicos e os homeotérmicos. Os primeiros não controlam sua temperatura (ex. os insetos, répteis, peixes e os vegetais). Já os segundos mantém sua temperatura interna relativamente constante por mecanismos fisiológicos de acordo com a produção e perda de calor metabólico.

O homem pertence ao grupo dos animais homeotérmicos. Dessa forma, seu organismo é mantido a uma temperatura interna aproximadamente constante, da ordem de 37º C, com limites muito estreitos - entre 36,1 e 37,2º C - sendo 32º C o limite inferior e 42º C o limite superior para sobrevivência, em estado de enfermidade.

O organismo dos homeotérmicos pode ser comparado a uma máquina térmica - sua energia é conseguida através de fenômenos térmicos. A energia térmica produzida pelo organismo humano advém de reações químicas internas, sendo a mais importante a combinação do carbono, introduzido no organismo sob a forma de alimentos, com o oxigênio, extraído do ar pela respiração. Esse processo de produção de energia interna a partir de elementos combustíveis orgânicos é denominado metabolismo.


A termo-regulação

A manutenção da temperatura interna do organismo relativamente constante, em ambientes cujas condições termo-higrométrico são as mais variadas possíveis, se faz por intermédio de seu aparelho termo-regulador, que comanda a redução ou aumento das perdas de calor pelo organismo através de alguns mecanismos de controle.

A termo-regulação, apesar de ser o meio natural de controle de perdas de calor pelo organismo, representa um esforço extra e, por conseguinte, uma queda de potencialidade de trabalho. A termo-regulação em animais pode ser dividida em respostas comportamentais (voluntárias) e fisiológicas (involuntárias) aos estímulos externos.

São as seguintes as respostas comportamentais mais comuns: movimento, postura, ingestão e construção de abrigos entre outros.

As reações fisiológicas ao estresse térmico incluem mudanças no metabolismo, dilatação e contração de vasos sangüíneos, aumentar ou diminuir a pulsação cardíaca, suor, tiritar, eriçar de pelos, entre outros.


Catabolismo, anabolismo e fadiga higrotérmica

O organismo humano passa diariamente por uma fase de fadiga - catabolismo - e por uma fase de repouso - anabolismo. O catabolismo, sob o ponto de vista fisiológico, envolve três tipos de fadiga:

a) física, muscular, resultante do trabalho de força;
b) termo-higrométrico, relativa ao calor ou ao frio;
c) nervosa, particularmente visual e sonora.

A fadiga física faz parte do processo normal de metabolismo. A fadiga termo-higrométrico é resultante do trabalho excessivo do aparelho termo-regulador, pela existência de condições ambientais desfavoráveis, no que diz respeito à temperatura do ar, tanto com relação ao frio quanto ao calor, e à umidade do ar.


Estresse térmico

O excesso de calor, umidade, vento, ruído, etc., afetam a saúde e o bem-estar das pessoas. O calor em excesso pode, por exemplo, afetar o desempenho das pessoas, causar inquietação, perda de concentração. A umidade provoca desconforto, sonolência, aumento do suor. Ruído em excesso causa inquietação, perda do sossego, concentração, etc. Essas e outras perturbações que ocorrem, muitas vezes, sem que você perceba, causa aquilo que a ciência chama Estresse e depois de um certo tempo provocam, nas pessoas, doenças mais complexas, como diabetes, cardiovasculares, respiratórias etc. Quando as trocas de calor entre o corpo e o meio ambiente são prejudicadas fala-se em estresse térmico.


Pele, principal órgão termo-regulador

Sendo a pele o principal órgão termo-regulador do organismo humano, é através dela que se realizam as trocas de calor. A temperatura da pele é regulada pelo fluxo sanguíneo que a percorre. Ao sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser ativado é a regulagem vasomotora do fluxo sanguíneo da camada periférica do corpo, a camada subcutânea, através da vasodilatação ou vasoconstrição, reduzindo ou aumentando a resistência térmica dessa camada subcutânea. Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração ativa, que tem início quando as perdas por convecção e radiação, somadas às perdas por perspiração insensível, são inferiores às perdas necessárias à termo-regulação. A transpiração ativa se faz por meio das glândulas sudoríparas. Os limites da transpiração são as perdas de sais minerais e a fadiga destas glândulas sudoríparas.


Reação ao frio

Quando as condições ambientais proporcionam perdas de calor do corpo além das necessárias para a manutenção de sua temperatura interna constante, o organismo reage por meio de seus mecanismos automáticos - sistema nervoso simpático - , buscando reduzir as perdas e aumentar as combustões internas. A redução de trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente se faz através do aumento da resistência térmica da pele por meio de vasoconstrição, arrepio e tiritar. O aumento das combustões internas - termogênese - se faz através do sistema glandular endócrino.


Reação ao calor

Quando as perdas de calor são inferiores às necessárias para a manutenção de sua temperatura interna constante, o organismo reage por meio de seus mecanismos temo-reguladores, proporcionando condições de trocas de calor mais intensas entre o organismo e o ambiente, e reduzindo as combustões internas. O incremento das perdas de calor para o ambiente se faz por meio da vasodilatação e da exsudação (suor). A redução das combustões internas - termólise - também se faz através do sistema glandular endócrino.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Reflexos do Excesso de Calor na Saúde, e na Redução da Produtividade

1 – Saúde e Calor

A combinação de altas temperaturas (significativamente acima do normal) e umidade relativa alta pode reduzir drasticamente a capacidade do corpo humano de manter a sua temperatura interna correta. Exposições prolongadas em ambientes com temperatura excessiva e umidade alta podem causar câimbras, esgotamento, fadiga térmica, e até danos ao cérebro. Para alguns, especialmente para os idosos e enfermos o calor em excesso pode causar a morte.

O Índice de Calor (IC), também chamado de "Temperatura Aparente", é uma medida de como a umidade associada à altas temperaturas reduz a capacidade do corpo em manter-se frio. O IC é a sensação térmica que o corpo humano interpreta quando a umidade e/ou temperatura fogem dos níveis normais. Por exemplo, se a temperatura do ar é de 34°C, e a umidade é de 50% o efeito destas condições no corpo equivale a uma temperatura de 39,5°C. A premissa para o cálculo do Índice de Calor é que, a pessoa a ser avaliada, esteja á sombra, ao nível do mar, e com vento de 10 km/h. Exposições ao sol podem aumentar o IC entre 3° e 8°C. Variações na velocidade do vento normalmente têm pequeno efeito sobre o IC.

A tabela abaixo mostra a Temperatura Aparente (IC) com base na Temperatura do Ar e a Umidade Relativa do Ambiente.

(clique na imagem para ampliar)


O grau de stress causado pelo calor pode variar com a idade, saúde, e características do corpo. Abaixo estão listados alguns possíveis sintomas de stress térmico associado a intervalos de Temperatura Aparente (IC)



2 – Produtividade e Calor

As perdas na produtividade por excesso de calor foram analisadas pela NASA (report CR-1205-1) veja tabela abaixo. O relatório conclui por ex. que quando a temperatura da área de trabalho atinge 30°C a produtividade cai cerca de 20% e há um aumento de 75% na freqüência de erros.



{Nota: Em São Luís a média da Umidade Relativa do ar é de 66 e a temperatura média do ambiente é 36°, faça as contas}

* Ex. se o nível de erros é 1/200 (0,5%) a 24°C o nível de erros passará para 3,7/200 ( 1,85%) a 32°C

Este artigo foi compilado a partir das seguintes publicações: Excessive Heat and Worker Safety – Universidade da Pensilvania NASA Report CR- 1205-VOL-1 "Compendium of Human Responses to the Aerospace Environment"